Cassiano (1943-2021)

Cassiano

O grande compositor Cassiano, autor de “Primavera”, “A Lua e Eu”, “Eu Amo Você, “Coleção”, entre outros grandes sucessos da música brasileira, faleceu por consequências da Covid em 07.05.2021. Segundo o portal G1, ele estava internado desde o fim de abril de 2021 no Hospital Carlos Chagas, na Zona Oeste:

Segundo nota do hospital, o paciente Genival Cassiano dos Santos morreu às 16h30min.

Entre os sucessos, “A lua e eu”, fez parte da trilha sonora da novela O grito (TV Globo, 1975 / 1976) e “Coleção” que virou sucesso nacional ao ser propagada em 1977 na trilha de outra novela da TV Globo, Locomotivas.

No portal Geledés:

Genival Cassiano dos Santos nasceu em um bairro pobre da cidade de Campina Grande, na Paraíba. Quando criança, aprendeu os primeiros acordes de violão com seu pai, amigo íntimo da fera Jackson do Pandeiro.

Ao chegar com a família ao Rio de Janeiro, em meio a um grande processo migratório, Cassiano conseguiu emprego de servente de pedreiro. Nos horários e dias de folga, aproveitava para treinar acordes de violão e bandolim. Durante os anos 60, período em que a música negra, principalmente o soul, passavam a fazer cada vez mais sucesso, o cantor se junta com Hyldon e outros músicos e formam a banda “Bossa Trio” que, mais tarde, se converteria em os “Diagonais”, grupo responsável, junto com Tim Maia, pela difusão da música negra pela região sudeste.

O Síndico havia voltado dos Estados Unidos há pouco tempo e estava na fissura para produzir, encontrou no Brasil Cassiano, que tocava junto com sua banda na noite de São Paulo e Rio de Janeiro. Impressionado com o talento do cantor na guitarra, voz e composição, Tim Maia convida Cassiano para a gravação do primeiro álbum do Síndico, em 1970. Foi nesse disco que Tim inseriu duas composições do cantor Paraibano “Eu amo você” e “Primavera”, sucessos que ajudaram Cassiano a tornar seu nome conhecido e passar para a carreira solo, arrastando muito fãs pelo caminho.

Seu primeiro disco solo foi “Imagem e som”, de 1971.

Neste LP, interpretou “Ela mandou esperar” e “Tenho dito”, ambas em parceria com Tim Maia, e ainda, “Primavera”, com Silvio Rochael, e “Uma lágrima”. O primeiro lançamento foi um grande sucesso, o que garantiu a segunda gravação, denominada: “Apresentamos o nosso Cassiano” álbum no qual interpretou dez composições de sua autoria, dentre elas, “Cedo ou tarde”, com Suzana, “Me chame atenção”, com Renato Britto e “Castiçal”.

Mas a grande explosão de sucesso viria em 1976, quando lançou o disco com duas de suas músicas mais conhecidas: “A Lua e Eu” e “Coleção”, ambas viraram temas de novela da Globo e marcaram uma geração de fãs da música negra.

O grande sucesso do cantor ajudou a impulsionar o movimento negro no Brasil, o qual se reunia em torno dos bailes organizados em São Paulo e Rio de Janeiro sob a égide da trilha sonora composta por Cassiano.

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Nelson Motta fala de Cassiano no Jornal da Globo em 2009:


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Cassiano

No site Iconografia da História:

(…) a grande explosão de sucesso viria em 1976, quando lançou o disco com duas de suas músicas mais conhecidas: “A Lua e Eu” e “Coleção”, ambas viraram temas de novela da Globo e marcaram uma geração de fãs da música negra.

O grande sucesso do cantor ajudou a impulsionar o movimento negro no Brasil, o qual se reunia em torno dos bailes organizados em São Paulo e Rio de Janeiro sob a égide da trilha sonora composta por Cassiano.

Porém, com toda a genialidade, o cantor foi acometido por problemas respiratórios e foi submetido à retirada de um dos pulmões, fato que levou ao enfraquecimento de sua voz e, consequente, aposentadoria. Nas décadas de 80 e 90, Cassiano compôs músicas para Alcione e outros cantores famosos, fez pequenas participações em um disco aqui e outro ali.

Cassiano

Nos anos 90, esquecido pela indústria cultural brasileira e pouco lembrado pelas novas gerações, a gravadora Universal retoma a voz do cantor no disco “Velhos camaradas”, de Cassiano, Tim Maia e Hyldon, álbum que reuniu alguns sucessos de cada um dos artistas e fez um estrondoso sucesso de vendas e público.

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No Wikipedia:

Iniciou a carreira aos 21 anos, tocando violão no “Bossa Trio”, que daria origem ao grupo vocal Os Diagonais – formado inicialmente por Cassiano, Camarão (seu irmão) e Amaro – com quem viajou por cidades mineiras e baianas e tocou na noite do Rio e de São Paulo ao longo da década de 1960. Em 1969, o grupo gravou alguns compactos pela CBS e Cassiano viria a se tornar conhecido em 1970, quando participou como guitarrista no primeiro disco de Tim Maia, que gravou duas composições suas em parceria com Sílvio Rochael, “Eu Amo Você” e “Primavera (Vai Chuva)”, e elas logo se tornaram sucessos naquele ano.

No ano seguinte, o grupo consegue gravar um disco pela RCA, Cada um na Sua, no qual estavam incluidas “Não Dá pra Entender” e “Clarimunda”, ambas de sua autoria. No mesmo ano, sai em carreira solo e lança seu primeiro LP, também pela RCA, Imagem e Som. Neste LP, interpretou “Ela Mandou Esperar” e “Tenho Dito”, ambas em parceria com Tim Maia, e, ainda, “Primavera (Vai Chuva)” e “Uma Lágrima”.

No ano de 1973, pela gravadora Odeon, lançou Apresentamos o nosso Cassiano, disco no qual interpretou dez composições de sua autoria, entre elas “Cedo ou Tarde” (em parceria com Suzana), “Me Chame Atenção” (composta com Renato Britto) e “Castiçal”. Como cantor e intérprete, fez sucesso em 1976 com “A Lua e Eu” (em parceria com Paulo Zdanowski), tema da novela O Grito, da Rede Globo, gravada no LP Cuban Soul. No ano seguinte, obteve novamente notoriedade com a música “Coleção” (também com Paulo Zdanowski), incluída na trilha sonora da novela Locomotivas, também da Globo. No ano de 1978, foi obrigado a retirar um pulmão por motivos de saúde, sendo, então, obrigado a abandonar a carreira de intérprete. Cassiano, porém, prosseguiu compondo.

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https://pt.wikipedia.org/wiki/Cassiano

“Coleção”, um de seus maiores sucessos (composta com Paulo Zdan):


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Uma das raras entrevistas concedidas por Cassiano (“Cassiano Vive novo tempo de primavera”), publicada no jornal da tarde em novembro de 2001:

Em entrevista concedida ao JT na casa do músico Bernardo Vilhena, dono da gravadora Regatas, na Gávea, Rio de Janeiro, Cassiano desfez a fama de arredio à imprensa. Falou sobre sua carreira, planos para um novo disco, do amigo Tim Maia, e das novas tecnologias de estúdio. William Magalhães também participou.

— Por que tanto tempo sem gravar?

Cassiano: Acho que tudo tem o seu tempo. A certeza que eu tenho é que o meu é agora. Antes eu não concordava muito com isso que os caras diziam, que eu era fora do meu tempo, que estava adiantado. Mas agora vejo que tinham razão. Estou me sentindo feliz, os músicos entendem as minhas coisas simples, o que antes diziam que era complicado. O Tim [Maia] era o mais próximo de mim, de dialogar sobre música. O resto dizia que eu era um bicho estranho.

— Mesmo longe da mídia e sem lançar discos, vários artistas querem suas músicas ou participações, como os Racionais. O que você acha deles?

Acho legal. Toda essa cultura negra tem muito a ver. Mas os meninos lá são muito fechados dentro dos lances deles. Houve o convite, eles chegaram a dizer que só iam em um programa de TV se eu fosse também.

Leia a entrevista completa clicando aqui.

No Programa do Jô em 1991:


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Por Alê Youssef, secretário de Cultura da Cidade de São Paulo, nas redes sociais:

Ícone da música black, precursor do soul nacional, compositor brilhante e cantor de fundamentais discos da música brasileira, Cassiano era um farol para quem ama essa arte.

Da voz de Tim Maia a samples nos discos dos Racionais e de muitos outros artistas, sua música permanecerá viva entre nós. Mais um gigante da nossa cultura que se vai nessa terrível pandemia. Meus sinceros sentimentos aos familiares, amigos e fãs de Genival Cassiano.

No Turma da Cultura:


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“Salve Essa Flor”:


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“A Lua e Eu” (composta com Paulo Zdan):


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Talvez a mais popular de todas, sucesso gigantesco na voz de Tim Maia, “Primavera” (Cassiano/Silvio Rochael) recebeu arranjo exclusivo desenvolvido em julho de 2021, durante a pandemia de Covid-19, por Crismarie Hackenberg para o Coral do Cepel:

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