Beth Carvalho (1946-2019)

A música popular brasileira está mais triste… De acordo com o portal G1, a cantora e compositora Beth Carvalho, conhecida como a Madrinha do Samba e um dos maiores nomes da história do gênero, morreu no Rio em 30.04.2019, aos 72 anos:

Ela estava internada no Hospital Pró-Cardíaco, em Botafogo, Zona Sul da cidade, desde o início de 2019. A causa da morte ainda não foi divulgada.

Beth Carvalho

Com mais de 50 anos de carreira, dezenas de discos gravados e sucessos como “Andança” e “Coisinha do pai”, Beth Carvalho era considerada madrinha de artistas como Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz e Jorge Aragão – daí o apelido.

Em nota, o empresário da artista, Afonso Carvalho, informou que ela morreu às 17h33 desta terça, “cercada de amor por seus familiares e amigos”.

Um problema na coluna já afligia a cantora havia bastante tempo. Em 2009, Beth Carvalho chegou a cancelar sua apresentação no show de réveillon, na Praia de Copacabana, por causa de fortes dores. Em 2012, Beth Carvalho se submeteu a uma cirurgia na coluna.

Beth Carvalho e Cartola

No ano seguinte, foi homenageada pela escola de samba Acadêmicos do Tatuapé, no carnaval de São Paulo, mas não participou do desfile já por motivos de saúde. Lu Carvalho, sobrinha de Beth, foi quem a artista na ocasião.

Leia mais clicando aqui.

O velório da cantora Beth Carvalho será realizado nesta quarta-feira, 01.05.2019, a partir das 10h, no salão nobre da sede do seu clube de coração, o Botafogo de Futebol e Regatas, em Botafogo, na Zona Sul do Rio. As 16h o corpo da artista seguirá em cortejo para o crematório do Caju, Zona Norte do Rio.

No site oficial da cantora:

Elizabeth Santos Leal de Carvalho nasceu no Rio de Janeiro, no dia 5 de maio de 1946. Filha de João Francisco Leal de Carvalho e Maria Nair Santos Leal de Carvalho, e irmã de Vania Santos Leal de Carvalho. Seu contato com a música foi incentivado pela família, ainda na infância. Aos oito anos, ouvia emocionada as canções de Sílvio Caldas, Elizeth Cardoso e Aracy de Almeida, grandes amigos de seu pai. Sua avó, Ressú, tocava bandolim e violão. Nas festinhas e reuniões musicais dos anos 60, surgia a cantora Beth Carvalho, influenciada por tudo isso e pela Bossa Nova.

Em 1964, seu pai foi cassado pelo golpe militar por ter pensamentos de esquerda. Para segurar a barra pesada que sua família enfrentou durante a ditadura, Beth passou a dar aulas de violão para 40 alunos. Graças à formação política recebida de seus pais, Beth Carvalho é uma artista engajada nos movimentos sociais, políticos e culturais brasileiros e de outros povos. Um exemplo foi a conquista, ao lado do cantor Lobão e de outros companheiros da classe artística, de um fato que até então era inédito no mundo: a numeração dos discos.

Em 1965, gravou o seu primeiro compacto simples, com a música “Por quem morreu de amor”, de Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli. Em 66, já envolvida com o samba, participou do show “A Hora e a Vez do Samba”, ao lado de Nelson Sargento e Noca da Portela.

Vieram os festivais e Beth participou de quase todos: Festival Internacional da Canção (FIC), Festival Universitário, Brasil Canta no Rio, entre outros. No FIC de 68, conquistou o 3º lugar com “Andança”, de Edmundo Souto, Paulinho Tapajós e Danilo Caymmi, e ficou conhecida em todo o país. Além de seu primeiro grande sucesso, “Andança” é o título de seu primeiro LP, lançado no ano seguinte.

Leia mais em
http://bethcarvalho.com.br/biografia/

Do colunista Mauro Ferreira:

Não posso dizer que fiquei surpreso com a notícia, pois soube ontem que o estado dela era crítico, já quase irreversível. Mas isso não diminui em nada a minha tristeza com a morte de Beth Carvalho.

Leia o artigo de Mauro clicando aqui.

Leia também:
Beth Carvalho, uma cantora da casa dos brasileiros

Por Luis Pimentel:

A impressão que se tinha ouvindo Beth Carvalho cantar é a de que sempre se ouviu aquela voz. Parece e é familiar – sempre será –, passando por momentos de nossas vidas que vêm desde que o seu timbre afinado e gostoso remou contra a maré tropicalista, em 1968, com “Andanças”, de Danilo Caymmi, Paulinho Tapajós e Edmundo Souto, naquele Festival da Canção em que tirou o terceiro lugar.

Beth nem tinha LP gravado, só o fez no ano seguinte. Ainda bailava entre a bossa nova e o samba, desde o compacto simples inicial de 1965, com a delicada “Por quem morrer de amor”, de Roberto Menescal e Ronaldo Boscoli. Mas logo no comecinho da década de 1970 arrepiava corações e cuícas com a gravação de “Rio Grande do Sul na Festa do Preto Forro”, samba-enredo da Unidos do São Carlos. Para a alegria de muitos, o samba venceu.

Beth Carvalho por Aroeira

Ao abraçar o samba, Beth acertou em cheio na escolha, para alegria de todos nós que gostamos muito do mais popular ritmo brasileiro e que adoramos ouvi-la cantar. Elizabeth Santos Leal de Carvalho, a grande intérprete que o Brasil perdeu neste 30 de abril de 2019, nasceu no dia 5 de maio de 1946. Era carioca da gema, do caldeirão situado entre a Saúde e a Gamboa – onde o batuque também ganhou vida e garante a sobrevida do Largo da Prainha.

Trabalhou até os últimos dias. Cantou de pé, sentada e até deitada; mas cantou. Compositores jovens e cascudos perderam sua madrinha. A MPB perdeu sua grande cantora. O Brasil perdeu uma mulher de muita luz e garra, combativa e guerreira.

Uma das canções imortalizadas na voz de Beth: