Carlos Eduardo Miranda (1962-2018)

Miranda

Miranda

De acordo com o site do TV Fama, o produtor musical Carlos Eduardo Miranda faleceu aos 56 anos em 22.03.2018 após um mal súbito. Era casado com Isabel Hammes, cantora e preparadora vocal. Miranda, como era mais conhecido, morreu após sofrer um mal súbito (*) em sua casa, localizada em Sâo Paulo, um dia após seu aniversário:

Ele estava em casa, em São Paulo, com a esposa e com a filha quando passou mal. A informação foi dada pelo TV Fama que conversou com Arnaldo Sacomani, amigo próximo do artista, que confirmou a informação.

Miranda ficou conhecido por ser jurado de vários programas de calouro como “Ídolos”, “Astros” e “Qual é o Seu Talento?”.

A nota foi encontrada aqui.

(*) Segundo o amigo André Forastieri em artigo na Folha, na virada de ano “Miranda estava de cama direto, só saía para ir ao médico e fazer exames”:

Trabalhamos juntos nas revistas Bizz e Set, de música e cinema, as grandes paixões do Miranda. Depois eu o ajudei a inventar um selo, e ele me ajudou a inventar uma revista, e fomos nos ajudando a viver vida afora. Ele virou “o” Miranda, que todos os artistas iniciantes queriam conhecer, e depois jurado de TV. Não dava mais para andar na rua com o cara. Os meninos fazendo malabarismos nos cruzamentos vinham pedir autógrafo. Seguia tratando igual o famoso e o mendigo, o milionário e o roqueirinho do interior que vinha humilde lhe entregar uma demo.

Eu sou de poucos amigos. Miranda tinha muitos e vivia por aí, pela cidade, pelo país. Até porque tratava todo mundo como amigo, e tratava todo mundo de “velhinho”, como seu ídolo, o Pernalonga. Nos afastamos sem nunca nos afastar. Nos gostávamos muito e nos víamos uma, duas vezes por ano. Nosso contato era por telefone, pela internet, toda semana. Falávamos do que amigos falam; falávamos merda. Nossas conversas sempre escorregavam para filmes, discos, quadrinhos —Miranda enciclopédico e onívoro, sempre com dicas sensacionais, sempre sem a menor afetação.

Quase na virada do ano, Miranda me ligou e papeamos um tempão; ele estava preocupado com um amigo em comum. Não me contou que estava doente. Soube dias depois que Miranda estava de cama direto, só saía para ir ao médico e fazer exames. Liguei xingando, como não me conta nada? Ele me explicou que sabia que o meu pai estava mal de saúde e não queria encher mais minha cabeça.

Adiei, adiei nosso encontro. Quando meu pai baixou no hospital de novo, em janeiro, fui numa padaria ao lado tomar um café e achei um boneco que era a cara do Miranda. Um Homem-Borracha pirata, tosco, dez reais. Comprei e me prometi ir levar para o amigo, que meu pai chamava de “Mujique”, porque parecia um bárbaro russo 25 anos atrás, quando era cabeludo.

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No Wikipedia:

Na década de 1990, com os selos Banguela Records e Excelente, lançou nomes como Raimundos. Como produtor musical lançou, entre outros grupos, Skank, O Rappa, Virgulóides, Blues Etílicos, Cordel do Fogo Encantado, Cansei de Ser Sexy, Móveis Coloniais de Acaju, MQN, Mundo Livre SA e o primeiro disco da Graforréia Xilarmônica, Coisa de Louco II e também criou e dirigiu o site Trama Virtual, que é um projeto de distribuição online de artistas independentes por MP3. Antes disso, como jornalista da área de música, Miranda trabalhou para a revista Bizz. Ainda em Porto Alegre, Miranda teve forte atuação no cenário musical da capital gaúcha.

Miranda

Miranda

Tecladista e compositor, fez parte de pelo menos dois grupos locais que alcançaram expressão nos anos 1980, como Taranatiriça, Atahualpa Y Us Panquis e Urubu Rei. Nos anos 1990 fez parte da banda de Rock experimental Aristóteles de Ananias Jr.

No site da revista Quem:

O Skank foi o primeiro grupo a lamentar a perda de Miranda. “O grande Carlos Eduardo Miranda foi uma figura seminal na nossa história. Foi ele quem chamou a atenção da imprensa do eixo Rio-SP sobre um quarteto que vinha de Minas Gerais e misturava reggae, pop, ska. Foi a chave que abriu a porta pro que viria depois”, dizia post feito no Instagram da banda, composta por Samuel Rosa, Henrique Portugal, Haroldo Ferretti e Lelo Zaneti.

“Ele teria ainda grande contribuição ao longo da nossa carreira, especialmente no disco Maquinarama. Estamos muito tristes com a notícia de seu falecimento. Que sua travessia seja tão leve e divertida quanto a vida que ele levou aqui. Nossos pensamentos estão com sua filhinha Agnes e sua companheira, Bel. Vá em paz, amigo”, ainda dizia o post do grupo mineiro.

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Na coluna de Mauro Ferreira:

Talvez somente o amor genuíno pela música explique o fato de o produtor Carlos Eduardo Miranda (21 de março de 1962 – 22 de março de 2018) ter sido o responsável pelo lançamento do grupo brasiliense de rock Raimundos no mercado fonográfico através do selo Banguela, em 1994, e também o cara que deu forma ao primeiro elogiado álbum da cantora paraense de tecnobrega Gaby Amarantos, Treme (Som Livre), editado em 2012 no embalo da redescoberta dos sons de Belém (PA) pelo Brasil.

No caso, o elo improvável entre Raimundos e Gaby foi a paixão pelo sons que moveu o músico e produtor gaúcho em vida encerrada na noite de ontem, por conta de mal súbito, sofrido por Miranda em casa, na cidade de São Paulo (SP), um dia após ter festejado o 56º aniversário. Esse elo abarca o Skank, grupo mineiro que lamentou publicamente em redes sociais a saída de cena do produtor que, no início dos anos 1990, chamou a atenção do Brasil para aquele até então desconhecido quarteto de Belo Horizonte (MG) que misturava reggae com pop.

Talvez Miranda atualmente seja mais conhecido pelo público pela atuação nos anos 2000 como jurado em programas de TV como Ídolos e Astros, mas a grande contribuição deste produtor à música brasileira foi dada nos bastidores. De início, ele tentou ficar sob os holofotes do palco.

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Miranda no programa Astros

Miranda no programa Astros

O JC Online conta que o “veinho”, como era chamado por usar sempre esta palavra como gíria, passou mal quando estava em casa com a mulher, cantora e preparadora vocal gaúcha Isabel (Bel) Hammes, quando começou a sentir fortes dores de cabeça:

O músico teria sentindo uma forte dor de cabeça. Depois foi para o quarto e sentou na cama, onde veio a falecer. “É verdade sim. Estou sem reação até agora”, disse Ricardo Mantoanelli ao UOL, por telefone. “Infelizmente essa trágica notícia é verdadeira, acabei de saber. O Miranda era um cara absurdamente inteligente. O Brasil perdeu um cara do bem. É uma pena”, afirmou  o cantor e compositor Thomas Roth, aos prantos, também por telefone. Os dois eram amigos próximos de Miranda. Thomas participou como jurado no mesmo programa que Miranda.

Miranda tinha forte ligação com a cena musical pernambucana. Foi um grande incentivador do manguebeat, não somente escrevendo e divulgando o movimento como também produzindo o primeiro disco da Mundo Livre S/A, Samba Esquema Noise, lançado pelo selo que ele criou, Banguela Records, em parceria com os Titãs para a Warner Music nos anos 1990.

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No Instagram, o grupo O Rappa também se manifestou falando sobre “a grande importância de Miranda na nossa carreira”, segundo o site TVeFamosos:

“Acabamos de saber da passagem de um grande cara. Esse aí da foto, cercado por discos foi responsável por algumas das coisas mais legais que já aconteceram na música brasileira contemporânea. Carlos Eduardo Miranda era antes de tudo um amante da arte. Jornalista, músico, produtor e mais do que tudo, um grande agitador cultural com uma grande importância na nossa carreira e de tantas outras bandas da nossa geração. Produziu o nosso Acústico MTV, um dos discos do qual temos mais orgulho e era grande parceiro do nosso também saudoso Tom Capone, com o qual já deve ter esbarrado noutro plano e deve estar pondo o papo em dia. Vai em paz, irmão, força pra sua família e fique com a certeza de que você não veio a este a passeio, sua obra por aqui é eterna!”

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Carlos Eduardo Miranda jovem, deu entrevista a Jô Soares, contando que foi crítico de cinema pornô: veja o video clicando aqui.

Bel Hammes

Bel Hammes

Update 24.03.2018 – Depoimento da esposa de Miranda, Bel Hammes, em post no Facebook:

Queridos amigos e familiares do Miranda,

Não consegui me manifestar ainda sobre tudo que aconteceu, foi tudo rápido e muito dolorido. Resolvi para aliviar a minha dor e lidar melhor com meu luto, escrever sobre isso, falar abertamente sobre tudo que estou vivendo e vivi ao lado dele. Quero dividir tudo com vocês, pq eu sei, não é fácil pra ninguém. Não posso ser egoísta nesse momento, onde ele me deixou com um legado gigantesco. Vou seguir com os planos, vou voltar a cantar como prometi a ele, farei meu disco, quero construir um memorial a ele, onde tenha um espaço de música, para que a gente siga se unindo para que a música do nosso país continue crescendo como ele queria.

Mudanças como essa vem para acrescentar. Ele não morreu, ele vive dentro de cada um de nós, eu vi isso ontem no velório lindo que ele teve, olhei nos olhos de cada um de vocês que estiveram lá para se despedir dele e me abraçar com tanto amor. Cada um estava com um pouco do brilho que o meu amor tinha. Isso me fez muito feliz, com certeza ele ficou feliz também.

Foto de Miranda e Bel Hammes, publicada por ela

Foto de Miranda e Bel Hammes, publicada por ela

Eu era a pessoa mais próxima dele nos últimos tempos, ele andava muito egoísta comigo e com nossos filhos, não saíamos, não tínhamos vontade, nossa necessidade era de grudar um no outro para aproveitar o máximo que tínhamos de tempo, nós dois sabíamos mesmo sem dizer, que o tempo era curto, muito curto, portanto teria que ser intenso. Demorei a entender isso, e por alguns momentos, eu não vou negar, senti raiva de deixar de fazer minhas coisas para me isolar do mundo e viver por ele, na verdade era muito difícil pra mim admitir que ele estava se preparando para ir embora, eu não queria acreditar, eu não podia deixar de lutar para que ele ficasse. Como não deixei até o último suspiro dele, fiquei até o fim apertando aquele peito que eu tanto deitei minha cabeça, para que aquele coração voltasse a pulsar. Eu não consegui. Ainda não consigo lidar com isso, fico relembrando cada cena, cada segundo, tentando imaginar se eu conseguiria fazer de outra forma, mesmo com os paramédicos me dizendo que não tinha o que fazer no caso dele. Foi duro demais ver isso.

Foi como ele queria, não sofreu, ele perdeu a consciência na primeira pontada de dor na cabeça. Foi rápido, e como ele sempre me pediu, eu fiquei ao lado dele até o fim.

Update 27.08.2020 – Seu companheiro de juri no SBT, Arnaldo Saccomani, morreu em agosto de 2020:
Arnaldo Saccomani (1949-2020)

Bel Hammes, esposa de Miranda, publicou esta foto com a seguinte legenda: O coração de areia eu fiz pra ele, mesmo que o meu coração já fosse todinho dele

Bel Hammes, esposa de Miranda, publicou esta foto com a seguinte legenda: O coração de areia eu fiz pra ele, mesmo que o meu coração já fosse todinho dele

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