
Dona Ivone Lara
Dona Ivone Lara, grande dama do samba, completa 90 anos de idade nesta quarta-feira, dia 13.04.2011. O site eBand conta que, após enfrentar muito preconceito por ser a primeira mulher a compor um samba-enredo e a se firmar como um dos grandes nomes da música nacional, ela se queixa de desrespeito do mercado fonográfico:
Ela afirma que seus discos não são mais promovidos pelas gravadoras e têm distribuição restrita.
No exterior, segundo a cantora, ela recebe R$ 74 de direitos autorais por música executada e sempre é convidada para realizar shows na França, Japão e Inglaterra.
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No site do jornal Extra:
— O palco é a minha segunda casa, quero muita festa, música e alegria — conta Dona Ivone, que na década de 70 já participava do Trem do Samba.
Autor de inúmeros sambas para a musa dos sambistas, o cantor e compositorArlindo Cruz engrossa a torcida por uma duradoura comemoração:
— Dona Ivone merece todas as homenagens, que seja um ano inteiro de festa. A minha geração de sambistas, do Cacique de Ramos, é toda apaixonada por ela.
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No Globo Online:
Dona Ivone tinha 16 anos quando compôs “Tiê”, e já havia feito com $de Oliveira e Bacalhau um dos maiores sambas-enredos já ouvidos num desfile: “Cinco bailes da história do Rio”, em 1965, quando a cidade completou 400 anos. Consta que ela entrou na parceria exatamente como, ainda hoje, atua no Império: acabando a música que os parceiros (no caso, bêbados) não conseguiam. Dona Ivone conta:
– Volta e meia eles me chamam: “Madrinha, vem dar um ajudinha.” Vou com prazer.
É sinal de que ela continua firme e fiel ao Império Serrano.
– O Império? Está fraco, quase morrendo. Se tivesse mais uma escola esse ano, tínhamos perdido o sexto lugar (no Grupo de Acesso A).
Seus próprios sambas são trabalhados de outra maneira. Inspiradíssima (“Você percebe que o talento dela não é comum, não é usual”, assevera Paulão Sete Cordas, o violão que a conhece muito de perto), Dona Ivone vai criando seus temas e, muitas vezes, passando-os por telefone a Délcio ou a outro parceiro. Suas melodias sempre têm a precedência.
Dona Ivone, o mesmo sorriso, o mesmo rosto sem rugas, a mesma elegância nos gestos e na fala, chega aos 90 acreditando (sem trocadilho com “Acreditar”, grande samba dela e Délcio). No dia do aniversário, lança seu site. A cantora mineira Márcia Lima vai gravar disco só de sambas seus que não fizeram muito sucesso. Título: “Lado B”. A mineira Aline Calisto inclui três inéditos em seu próximo CD. Fatos aparentemente triviais, mas recebidos com o mesmo contentamento dos triunfos que Dona Ivone vem multiplicando em tantos anos: apresentações em França, Alemanha, Suíça, Dinamarca, Gana, Angola, Nova York. Seu disco “Nasci para sonhar e cantar”, com título definidor, foi lançado em 2001 (o mesmo ano em que o pianista Leandro Braga lhe dedicou um CD instrumental e um songbook). Ganhou prêmio, $muito no Brasil, na França, Alemanha, Austrália e até no Paquistão.
No meio de todas essas vitórias, só uma queixa:
– Das gravadoras. Não me divulgam, não me pagam, não me dão satisfação, só se apropriam do que é meu.
Uma informação: pelo DVD que a Universal produziu com ela, “todo ele praticamente vendido”, recebeu menos de R$ 2 mil. De direitos autorais, R$ 74. Isso mesmo: setenta e quatro reais.
Apesar da queixa, momento raro em Dona Ivone, ela não perde o jeito sereno e simples. De tal modo que, às vezes, somos levados a crer que, no fundo, a artista não tem exata consciência de seu papel, de sua importância. No máximo, ao falar sobre si mesma, ela se permite uma explicação de por que é quem é. Como no depoimento que deu ao Museu da Imagem e do Som (MIS) em 2008: “Eu me faço respeitar.” Em seu caso, respeitar é pouco. Dona Ivone Lara nasceu para sonhar, cantar e ser cultuada.
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